Stablecoin Weekly: O que a atualização de sistema da Coinbase revela sobre o caminho das criptomoedas rumo ao super app da internet

Na última semana, a Coinbase lançou uma série de atualizações em nível de sistema — abrangendo negociações, derivativos, pagamentos com stablecoins, protocolos nativos de IA e um “super app” voltado ao consumidor — que se assemelham a um autêntico WWDC das finanças on-chain. Mais do que uma simples renovação de produtos, esses lançamentos delineiam a visão da Coinbase para o que chama de “Everything Exchange”, um ecossistema onde identidade, pagamentos, mercados e aplicativos se conectam em uma infraestrutura programável movida por stablecoins. Não se trata apenas de ampliar uma corretora, mas sim de apresentar um modelo de como o cripto pode reestruturar a próxima geração de super apps da internet.

Por que esta semana importa: o “Everything Exchange” da Coinbase começa a tomar forma

• Expansão além das criptomoedas para mercados tradicionais: A Coinbase anunciou que irá oferecer negociação de ações e contratos de eventos, reforçando sua entrada nos mercados de previsões por meio de uma parceria com a Kalshi. Essa movimentação indica a ambição de se tornar uma plataforma única para múltiplas classes de ativos. Veja mais na Reuters e Barron’s. (reuters.com)

• Futuros regulados 24/7 e ampliação global nos derivativos: A Coinbase Derivatives implementou negociação contínua de futuros de BTC/ETH e planeja estender isso a outros ativos. Além disso, está adquirindo a Deribit para escalar sua presença em opções. Detalhes estão no blog da Coinbase e em reportagens da CoinDesk. (coinbase.com)

• Stack de pagamentos com stablecoins voltado a comerciantes: A Coinbase lançou o Coinbase Payments, com integração ao Shopify, além de uma suíte empresarial com foco em pagamentos e gestão de tesouraria em USDC via o Coinbase Business. (coindesk.com)

• Infraestrutura AI-to-payment com HTTP 402: A Coinbase reviveu o código HTTP 402 (“Pagamento Requerido”) com o protocolo x402, viabilizando pagamentos on-chain por agentes de IA utilizando carteiras e executando transações de forma autônoma. Leia a documentação técnica e matéria do Yahoo Finance/Decrypt. (docs.cdp.coinbase.com)

• Super app para consumidores na Base: O novo Base App substitui a Coinbase Wallet e reúne negociação, pagamentos, funcionalidades sociais, mensagens e mini apps — tudo alimentado por USDC na rede Base L2. Também coberto pela CoinDesk. (cnbc.com)

Essas inovações coincidem com ventos favoráveis no cenário macroeconômico. A Visa passou a utilizar USDC para liquidações nos EUA, ao passo que o Congresso norte-americano aprovou, em julho de 2025, uma legislação federal para stablecoins, criando diretrizes iniciais como reportado pela CNBC. (usa.visa.com)

O stack do super app em quatro camadas

1) Camada de Experiência: Base App e mini apps

O Base App reúne carteira, pagamentos, social e mensagens, com suporte a mini apps on-chain integrando protocolos como Farcaster (social) e XMTP (mensageria). A aposta da Coinbase é reduzir a barreira entre Web2 e on-chain oferecendo ferramentas que o usuário já espera, com USDC como moeda padrão para transações diárias. Veja detalhes em CNBC e CoinDesk. (cnbc.com)

2) Camada Financeira: infraestrutura em USDC para pessoas, empresas e bancos

No nível varejo e PME, o USDC está sendo operacionalizado através do Coinbase Payments e do Coinbase Business, com funcionalidades como reembolsos programáveis e conciliação contábil. No nível institucional, a liquidação em USDC lançada pela Visa nos EUA mostra que a tesouraria baseada em stablecoins está se integrando ao sistema financeiro tradicional. (coindesk.com)

3) Camada de Agentes: HTTP 402 para APIs e Inteligência Artificial

O protocolo x402 transforma o antigo “HTTP 402 Payment Required” em uma rede de microtransações web-native, permitindo que clientes (incluindo agentes de IA) paguem por chamadas de API de maneira transparente. O cliente recebe uma resposta 402 especificando a condição de pagamento, realiza a transação em USDC e tenta novamente com a prova assinada. Veja detalhes nas documentações da Coinbase e matérias como essa do Yahoo Finance/Decrypt. (docs.cdp.coinbase.com)

4) Camada de Mercado: derivativos 24/7, opções e contratos de eventos

Do lado do mercado, a Coinbase adapta sua estrutura para o ritmo contínuo do cripto com futuros disponíveis 24 horas por dia nos EUA e amplia o portfólio via aquisição da Deribit para assumir uma posição global em opções de cripto. Também está ingressando no setor de ações e contratos de eventos, o que pode coexistir com os saldos em stablecoin dentro do mesmo aplicativo. (coinbase.com)

O que isso representa para as stablecoins

• De infraestrutura a fonte de receita: As stablecoins estão deixando de ser apenas “encanamentos do cripto” para tornarem-se meios principais de pagamento em comércio e aplicativos. A aceitação de USDC por comerciantes e a monetização de microtransações por API via x402 apontam para um futuro onde as stablecoins viabilizam conteúdo, software e inferência de IA — sem necessidade de cartões ou contas bancárias. Veja mais na CoinDesk e na documentação do x402. (coindesk.com)

• Impulso regulatório: A nova lei federal sobre stablecoins aprovada em julho de 2025 estabelece que os emissores e distribuidores estão sujeitos à supervisão americana, ao passo que a integração do USDC no sistema da Visa mostra que as finanças tradicionais podem se adaptar à cripto. Veja análises da CNBC e Visa. (cnbc.com)

• Adoção em larga escala: O mercado de stablecoins apresentou crescimento expressivo em 2025, ultrapassando patamares relevantes e sendo cada vez mais usado fora do universo de negociações – incluindo remessas e pagamentos B2B. Veja a análise completa da Cointelegraph. (cointelegraph.com)

Riscos e incertezas em aberto

• Desafios regulatórios em mercados de previsão: A regulamentação estadual sobre contratos de eventos pode limitar o quanto o “Everything Exchange” pode avançar nos EUA sem aprovações específicas. Contexto em Barron’s. (barrons.com)

• Concessões entre UX e custódia: Carteiras com autenticação simplificada reduzem fricção, mas exigem novas formas de pensar propriedade de chaves, recuperação e autorizações de gasto — especialmente com agentes de IA podendo realizar pagamentos. Desenvolvedores precisam ser claros quanto aos limites e proteções.

• Fragmentação de liquidez e interoperabilidade: Com ações, derivativos e ativos cripto convivendo em uma mesma plataforma, a eficiência dependerá de sistemas robustos de margem, interoperabilidade e cumprimento normativo — áreas que ainda estão sendo refinadas.

Para desenvolvedores: recomendações práticas

• Adapte sua experiência de checkout e pagamentos para stablecoins com o Coinbase Business e a infraestrutura Base. Acompanhe métricas como reembolsos, autorizações e redução de disputas. (coindesk.com)

• Prototipe experiências de “máquinas que pagam” com x402 e o servidor MCP, monetizando APIs e inferências de IA sem necessidade de contas ou cartões. (docs.cdp.coinbase.com)

• Para produtos voltados a consumidores americanos, acompanhe os impactos da liquidação via USDC da Visa nos fluxos de tesouraria e alinhe sua estratégia regulatória ao novo marco legal. (usa.visa.com)

• Prepare-se para mercados 24/7: Se você oferece produtos estruturados ou ferramentas de hedge, alinhe-se com os futuros e opções sempre disponíveis após a aquisição da Deribit. (coinbase.com)

Para usuários: uma configuração segura para a era dos super apps

• Separe gastos e poupança: Mantenha um saldo modesto e facilmente reabastecível de USDC na sua carteira de “gastos” para utilizar mini apps ou assinaturas com x402. Armazene seus ativos de longo prazo offline.

• Considere autocustódia para reservas principais: Uma carteira física (hardware wallet) mantém seus ativos seguros mesmo enquanto interage com a Base e outros protocolos. Dispositivos como o OneKey oferecem suporte multi-chain e excelente proteção para um mundo de pagamentos contínuos e agentes autônomos.

Conclusão

A nova leva de produtos da Coinbase representa mais do que simples adições de funcionalidade — é uma ofensiva estratégica para reestruturar a camada monetária da internet sobre as stablecoins, abrindo caminho para a identidade digital, agentes de IA e mercados financeiros programáveis. Com a Visa integrando liquidação em USDC e uma estrutura legal federal consolidada nos EUA, o momento é propício. Se essa visão de “Everything Exchange” se concretizar, o super app da década de 2030 será um sistema aberto, programável e descentralizado — onde o USDC é a moeda padrão, agentes de IA realizam pagamentos via HTTP 402 e os usuários mantêm a posse das suas chaves, idealmente em dispositivos próprios. (usa.visa.com)